Dicas para produção de um bom pão com fermentação natural

mar 13

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O segredo de um bom pão e o cuidado com a levedura, utilização de farinhas de boa qualidade, obedecer os tempos e seguir as técnicas corretamente.

Na panificação como em vários outros seguimentos houve uma mudança nos processos produtivos. Antigamente a produção era manual e se obtinha pães de boa qualidade, mas com baixa produtividade. Com a chegada de equipamentos modernos este aumento de produtividade foi atingido, porem tivemos uma enorme perda da qualidade. Os pães se tornaram ressecados, sem sabor e muito esfarelados, sua durabilidade é reduzida.

Atualmente esta ocorrendo um resgate as técnicas artesanais, trazendo de volta misturas básicas, ingredientes simples menos agressivos ao produto. Os equipamentos são utilizados apenas na primeira velocidade, aproximando- se assim aos processos rudimentares. O glúten fica menos desenvolvido e menos estressado, dispensando o uso indiscriminados de aditivos.

Conceitos ou linguajares importantes:

Autólise: processo desenvolvido pelo mestre de panificação Raymond Cavel

raymond-Cavel_Marilda Fajardo

Um Mestre Francês, estudioso na arte de panificar.

Processo ao qual se mistura água e farinha, deixando descansar por períodos variados, dependendo da intenção. Durante este tempo ocorrem reações importantes como: as proteínas da farinha se hidratam melhor, levando a melhora das propriedades extruturais do glúten, tanto na melhoria da textura quanto na retenção do CO2.

Outra situação perceptível é o aumento da extensibilidade da massa aprimorando o seu desempenho no processo mecânico, esta situação ocorre devido a ação da protease. Após hidratada reagem sobre a proteína degradando algumas ligações do glúten.

Para pães de fermentação natural esta técnica é muito importante, pois auxiliam no aumento da extensibilidade da farinha sem perda de força.

Refrescar a levedura: Retirar a levedura da geladeira e alimentar no mínimo 2 vezes para produção do pão, aguardando o ponto certo de utilização.

 

Dobras:  As dobras são feitas na massa no momento da primeira fermentação. Elas contribuem para o desenvolvimento da rede de glúten, deixando a massa mais elástica, com força e com vitalidade permitindo uma melhor atuação do gás carbono, contribuindo para uma melhor alveolagem e volume no pão. Além disso as dobras estabilizam a temperatura das massas. A dobras favorecem ainda a maior formação de bolhas no interior da massa. Quanto mais hidratada for a massa mais dobras serão necessárias. Elas devem obedecer um intervalo de 30 minutos entre elas, completando no mínimo 4 dobras.

Respondendo a várias questionamentos as dobras devem der feitas na mesma caixa de fermentação, podendo ser um recipiente quadrado. Molhe as mãos, pegue um dos lados da massa, levante-a em direção ao outro lado, fazendo isso nos quatro cantos da massa, pegue este embrulho e vire para baixo. Após 30 minutos repita a operação. Ao encerrar as dobras a massa deve esta com o ponto de véu todo desenvolvido.   

Ponto-de-véu-pós-autolise_Marilda-Fajardo

Pré modelagem e Modelagem: Elas quando realizadas com firmeza, auxiliam no aumento da elasticidade e diminui a extensibilidade. Dando maior força ao pão (massa).

Hora de assar: Esta hora é tão importante quanto aos demais processos descritos.

Antes de assar é importante avaliar.

Avaliar se realmente se a massa esta no ponto de forno:

Toque: percebe-se através de um leve toque na massa, pressionando com as pontas dos dedos se chegou o momento. Ao apertar levemente a massa deve retornar rapidamente a posição anterior deixando uma marca leve. A massa que ainda não chegou ao ponto de forno, retorna rapidamente e apresenta uma textura firme. Já aquela que passou do ponto sente muito este aperto, as marcas dos dedos permanecem achatadas podendo até murchar.

A chegada deste momento não quer dizer que o tempo da fermentação chegou ao fim, na verdade é uma das etapas mais intensas do processo fermentativo. Os primeiros minutos de forno são cruciais para processo fermentativo e do desenvolvimento do pão.

Cortes: São incisões na superfície da massa:

  • Importante para estética do produto.
  • Provocam pontos fracos na parte externa da massa reduzindo a firmeza ou resistência . Os cortes se expandirão ajudando no aumento do volume.  Os cortes criam caminhos para liberação do gás quando a pressão fica muito forte.
  • Se não fizer o corte o aumento da pressão danificará a cresta do pão.

Assamento: Durante o cozimento logo que a alta temperatura atinge a massa inúmeras reações químicas e físicas vão proporcionando a  transformação da massa em pão.

Nos primeiros minutos a atividade fermentativa e enzimática são rapidamente estimuladas por este aumento da temperatura.

Após 50 graus Célsius, no interior do pão, os grânulos de amido começam a inchar e o fermento inicia a fase de perda da atividade. Ao atingir 60 graus C o amido começa a gelatinizar, os grânulos explodem formando uma cadeia, conhecida como gelatinização do amido. Após resfriado esta rede, matriz ou cadeia produz o miolo do pão.

Aos 63 graus C toda a atividade do fermento é encerrada, Mas o pão não cessa o crescimento devido a expansão do gás que foi produzido pelo fermento.

Aos 100 graus inicia a formação da crosta. A coloração da casca  ocorre em temperaturas mais altas quando os açúcares começam a caramelizar.

Neste momento a atividade enzimática da farinha é muito importante, farinhas com atividade baixa produz pães de baixa coloração. Estes açúcares são açúcares residuais que não foram consumidos pelo fermento. Outra reação muito importante no cozimento é a reação de Maillard, ela está relacionada a cor escura e aos aromas que vão se intensificando causando uma fragrância sem igual.

Retirada do forno: Quando os pães são retirados do forno algumas reações permanecem ativas. É importante resfriar os pães em bandejas perfuradas e em ambientes ventilados, evitando que a crosta fique úmida e amoleça, perdendo as características. Ao esfriar o pão perde um pouco de volume interno e a crosta, se mantem sem retração e vai se trincar em alguns pontos. Este som das crostas se quebrando alegra muito os ouvidos de um padeiro. Este trincado é sinal que a crosta vai se manter crocante.

É muito importante que o pão resfrie totalmente ante de comer, pois os aromas da casca e miolo se fundem formando um perfume especial.

Após este momento convide amigos,  separe um bom azeite e divirta em uma mesa farta de pães.

Pão um produto que há milénio alimenta um povo. Há mais de 2000 anos, foi exemplo de comunhão.

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O milagre da fermentação natural

mar 09

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O processo de fazer pão é um processo harmonioso entre o tempo, a matéria prima e o  padeiro. O tempo está diretamente relacionado as transformações naturais que ocorre durante a fermentação.

Ao misturar  água e farinha inicia-se este processo. A fermentação é um conjunto de reações moleculares , nas quais a matéria se transforma em substâncias orgânicas sob efeito de leveduras e bactérias.

Na panificação a fermentação inicia quando açúcares naturalmente encontrados na farinha, e ou adicionados a ela, são convertidos em álcool e CO2.

SOURDOUGH , Nome complicado ao nosso idioma, e descoberto na casualidade. Surgiu no Egito por volta de 4000 a 3000 a.C., uma mulher que preparava seus pães sem uso da fermentação, esqueceu uma pedaço da massa a beira do rio Nilo, diante de um calor úmido. Ao reencontrar este pedaço de massa percebeu que o mesmo havia crescido bastante. Para não ter perda juntou esta massa (velha) a uma massa nova que iria preparar, o resultado foram pães mais leves, crescidos e com um aroma especial.

Hoje este método é bastante utilizado entre nós amantes de um bom pão.

Ele consiste

  • criar uma cultura
  • Alimentar e cuidar desta cultura.
  • Prepara a cultura para ser usada quando estiver forte e ativa
  • Manter esta levedura alimentada e cuidada por todo o tempo que for perpetuada.

Como começar uma cultura?

De preferência usar vidro

Cultivo-fermento_Marilda-Fajardo

  1. Adicionar 50 g de farinha integral, 50 g de farinha branca em 100g de água sem cloro. Misturar cobrir com um pano ou guardanapo e deixar na temperatura ambiente por 24 horas. O local deve ser fresco, sem incidência de sol. Evite mexer nele neste momento.
  2. Após este período algumas pequenas bolhas se formarão, mexa bem,  descarte 100 g desta mistura e acrescente 50 g de farinha integral, 50 g de farinha branca em 100g de água sem cloro. Misturar cobrir com um pano ou guardanapo e deixar na temperatura ambiente por 24 horas.
  3. Após este período algumas pequenas bolhas se formarão e a mistura apresentará um pouco de elasticidade, mexa bem,  descarte a metade desta mistura e acrescente 50 g de farinha integral, 50 g de farinha branca em 100g de água sem cloro. Misturar cobrir com um pano ou guardanapo e deixar na temperatura ambiente por 24 horas. sempre sem incidência de sol.
  4. Repita este processo por mais 3 dias, a partir deste momento as bolhas estarão em maiores quantidades, podendo estar um pouco mais liquido. No quinto dia o cheiro já se transforma um pouco ficando mais azedo. É comum nesta fase sobrenadar um pouco de água, retire ela antes de alimentar.
  5. Após o oitavo dia reduza a água para 80 gramas, sempre antes, descartando a metade.
  6. No nono dia utiliza 40 gramas desta mistura, 80 gramas de água, 60 g de farinha branca e 60 g de farinha integral, (processo também conhecido como 1:2:3) nesta fase ele já terá um desenvolvimento no volume, podendo até dobrar de tamanho.
  7. O processo estará totalmente pronto quando dobrar de volume e apresentar uma característica de teia.

Levedura-pronta-para-uso_Marilda-Fajardo

levedura-dobrada-volume_Marilda-Fajardo

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Panettone artesanal com fermentação Natural – Poolish. WorkShop de pães

dez 16

Ingredientes

 

Panettone-artesanal-Marilda-Fajardo

Pré esponja ( Poolish – esponja liquida)
Farinha 330g
Água 330g
Fermento 1g
661g
Esponja
Farinha 670g
Gemas 170g
fermento fresco 150g
Água 170g
1160g
Reforço
Gordura 625g
Farinha 1500g
Açúcar 600g
Gemas 650g
Frutas cristakizadas 500g
Uva Passas 500g
Gotas de chocolate 500g
Água 200g
sal 30g

 

5105g

6926g

 

 

 

Modo de preparo:

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Workshop de pães – verdadeira Ciabata Artesanal-

ago 02

ciabata-recheada_Marilda-Fajardo 

Poolish 1ª fase

Farinha de trigo

100%

500g

Água

150%

750g

Açúcar Mascavo

4%

20g

Fermento biológico fresco

2%

10g

Modo de preparo

Misturar os ingredientes, deixar fermentar por 1 hora na temperatura ambiente e 11 horas na geladeira por volta de 8o C.

 

Reforço 2ª Fase

Farinha de trigo

100%

2500g

Água

80%

2000g

Sal

2,5

62,5g

Fermento biológico fresco

4%

100g

Gordura

4%

100g

Modo de preparo

Misturar o poolish, a farinha, o sal e a metade da água em 1ª velocidade por 5 minutos, passar para 2ª, colocando o restante da água aos poucos, o fermento e o azeite. Bater por 10 min. até descolar da batedeira.

Colocar a massa em uma cx plástica untada com azeite e deixar descansar por 1 hora até triplicar o volume.

Polvilhar uma bancada com farinha de trigo, colocar a massa fermentada sobre esta farinha, dividir a massa do tamanho desejado, colocar em assadeiras, assar forno 220º C por aproximadamente 25 min. Com muito vapor.

OBS se o fermento for o seco misturá-lo antes na farinha e utilizar 1/3 do indicado.

 

Para recheá-la abra a massa, adicione o recheio na metade da massa e cubra com o restante . Corte do tamanho desejado e asse forno com vapor.

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Workshop- Passo a passo da fermentação natural

jul 28

fotos blog

 

Segredo de um bom pão:

Qualidade da matéria prima;

O modo de preparo;

Tempo de preparo.

Um bom produto com fermentação natural demora de 15 a 20 horas para ser consumido, já o fermento demora uns 7 dias. Acredite, vale a pena esperar. O aroma e sabor são inconfundíveis.

Afirmo que trabalhar com pães é uma paixão que não se esgota ele é uma “comodinha aconchegante”.

 

Passo a passo do fermento

 

Misture

30 g de farinha de trigo integral

30 g de farinha de trigo branca

60 g de água em um recipiente de vidro ou inox.

misture tudo cubra com plastico filme de deixe fermentar por 48 horas

em temperatura ambiente.

Após as 48 horas, adicione 60 g de farinha  integral , 60 g de farinha branca e 60 g de água. Misture bem e cubra esta massa com filme plástico e deixe descansar na temperatura ambiente por 24 horas.

Após as 24 horas repita este processo  e deixe descansar por mais 24 horas.

Neste ponto, o fermento onatural está começando a ficar forte, já se observa formação de bolhas e um odor característico, meio alccólico.

Deixe este fermento na temperatura ambiente por mais 3 dias e no final deste período já poderá utilizar n produção dos pães.

Depois deste prazo mantenha-o em geladeira em recipiente hermeticamente fechado.

Se não for utilizar todos os dias é necessário realimenta-lo de 3 em 3 dias.

 

Realimentação: Para cada parte de fermento retirado adicione a metade do peso em água e a metade de farinha.

Exemplo: se retirar 100g, acresente 50 g de água e 50 g de farinha.

 

 

Este fermento pode ser utilizado na seguinte proporção

para cada 15 g de fermento fresco equivale a 200 g do fermento natural.

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O famoso e delicioso pão italiano

mar 07

pao italiano

 

Pão italiano

Esponja:

400 g iogurte natural;
1250 g de farinha;
225 g de água ponto.

Modo de fazer:

Misturar os ingredientes acima deixar na geladeira por 7 dias.
No sétimo dia acrescentar 1250 g de farinha 600g de água ( ponto) Guardar em geladeira 2500 g desta massa para ser utilizada no outro dia.
Pegar o restante acrescentar 1250 g de farinha 50g de sal 10 g de açúcar mascavo e 150 g de massa fermentada.
Dividir tamanho desejado, bolear, descansar por 4 horas, rebolear locar na assadeira para crescer. Guardar na câmara e assar no outro dia. Assar com vapor e na metade do cozimento abrir a porta do forno. Pode passar o pão para o lastro do forno, para acabar de secar.

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